UPB promove debate sobre racismo estrutural e reforça compromisso com equidade racial

Capacitação on-line reuniu gestores municipais nesta quarta (19), véspera do feriado da Consciência Negra

Com o propósito de estimular uma gestão pública mais sensível às desigualdades raciais, a União dos Municípios da Bahia (UPB) realizou, nesta quarta-feira (19), véspera do feriado da Consciência Negra, o UPB Capacita On-line com o tema “Por que o racismo ainda estrutura as desigualdades?” voltado a discutir os impactos do racismo estrutural. A iniciativa integra a ação da UPB, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, para promover reflexão, formação e fortalecimento das políticas públicas de equidade racial e reuniu municípios interessados em transformar práticas e fortalecer a promoção da igualdade.

“É importante que tratemos sobre o tema de uma forma clara, nítida e evidente para que a gente tenha sempre a possibilidade de trazer o tema para discussão. Eu fui prefeito de Castro Alves durante oito anos e costumo dizer que momentos como esse são muito importantes para as pessoas que sequer sabem que têm as suas opiniões e decisões moldadas por uma sociedade estruturada pelo racismo”, resumiu o superintendente da UPB, Thiancle Araujo.

A palestrante convidada, Leonice Mourad, chefe de Divisão da Diretoria de Articulação Interfederativa da Secretaria de Gestão do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, iniciou sua apresentação recuperando elementos históricos da trajetória de desumanização da população negra no mundo e os conceitos que sustentam as desigualdades atuais. Sua fala também abordou compromissos que precisam ser assumidos por instituições públicas para transformar essa realidade. Em diversos momentos, Mourad citou o ativista Malcolm X, conectando sua atuação às lutas contemporâneas por direitos e reconhecimento.

A densa explanação trouxe reflexões fundamentais sobre por que o racismo estrutura relações sociais, econômicas e institucionais, reforçando a importância de que o tema seja discutido de forma permanente nos órgãos públicos. Entre as estratégias propostas, destacaram-se a implementação de políticas de diversidade e equidade racial, a capacitação contínua de trabalhadores, além da criação de espaços de acolhimento e denúncia como ferramentas essenciais para ambientes institucionais mais seguros e inclusivos.

“Estamos tratando aqui o racismo em suas diferentes dimensões. As instituições precisam discutir esse tema porque, obviamente, elas reproduzem as desigualdades raciais. Nosso esforço precisa ser no sentido de mudar a nossa noção de humanidade”, resumiu Leonice Mourad.


Mourad também apresentou caminhos para que essas ações sejam efetivadas no nível municipal, com diretrizes práticas como: garantir representatividade e equidade no quadro de servidores; realizar Censo Racial dos Servidores Públicos Municipais a cada dois anos; monitorar o percentual de servidores negros e compará-lo com a composição da população local ou metas legais; criar planos de ampliação da diversidade racial no serviço público; e implementar processos seletivos com ações afirmativas, quando juridicamente possível.

Ao final do encontro, mediado pela coordenadora de comunicação da UPB, Wilde Barreto, os participantes puderam fazer perguntas, ampliando o diálogo e reforçando a importância da formação continuada como ferramenta para transformar práticas e construir uma gestão pública mais justa e comprometida com a equidade racial.

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